sábado, 18 de outubro de 2008

Sobre o Gosto da Teia

Era muito sedutora.
Quieta, silenciosa, mas nem sempre. Quando necessário os membros se moviam rápido, frenéticos, hábeis.
Os olhos fitavam a tudo e a todos, e não à toa!
Sua cor não era habitual, era diferente de todas as demais, era única!
Seria uma bela amante, não fosse o fato de ter oito patas.
Quanto cuidado deveria ser desprendido a um ser tão delicado? E aquele medo de que o menor ato pudesse ferí-la mortalmente.
Delicadeza um tanto quanto relativa. Ela mostrou-se mais forte que ele, afinal, agora era ele que estava preso.
Aproximara-se demais para conferir o desenho das teias, e quando deu por si estava totalmente enredado. Quanto mais se debatia contra o seu destino, mais preso ficava.
Ele viu ela se aproximando lentamente, e agora parecia bem maior do que a princípio. Ela trabalhando sem preocupação, como se a cabeça estivesse à muitas teias dali. As patas finas mas fortes indo em todas as direções, tecendo, tecendo.
A teia entrando na boca dele. E que gosto! Parecia doce, mas diferente de tudo que ele já provara. Era ótimo por ser único.
Ela foi rápida, porém. Totalmente envolto em um casulo, ele já estava conformado com seu destino. Ficar ali, imóvel, até que ela quisesse, até que a fome a fizesse devorá-lo, ou então nada.
O nada, simplesmente.
Ele sem ações, sem atos, só sensações. Mais nenhum grito, mais nenhum movimento, a não ser pra se livrar daquele desconforto habitual de quem está suspenso.
Mas aquele gosto... ah, aquele gosto valia qualquer sacrifício.

2 comentários:

Anônimo disse...

viúva negra.
a-do-rei, sério *.*

Anônimo disse...

ah, esse gosto...
hhhhmmmmmmmm!